domingo, 12 de junho de 2011

CADA BARRACA DE LONA, UMA CRUZ!


Nesta semana faz exatamente um ano desde que as cidades alagoanas situadas à bacia do Rio Mundaú foram varridas por uma terrível enchente. Na oportunidade, eu e o Pr. Wellington visitamos alguns destes lugares, e vimos de perto o estado calamitoso das cidades de Branquinha, Murici, União dos Palmares, Santana do Mundaú, São José da Laje e Rio Largo. Lembro-me de ter contraído dengue nestas visitas, e de ter que cancelar uma série de conferências na cidade de Jequié-BA, na véspera do evento.
Um ano depois, tivemos pouquíssimos avanços. Enquanto em Pernambuco boa parte das famílias já recebeu suas novas casas, em Alagoas os atingidos continuam em abrigos improvisados. O Governo do Estado culpa a burocracia e a voracidade dos donos de terra, que supervalorizam as mesmas. A população culpa o Governo pelo descaso e pela morosidade nas negociações. E enquanto isso, as famílias atingidas continuam dormindo em escolas e em barracas de lona, sujeitas ao calor, aos insetos, à comida de péssima qualidade, à condições totalmente insalubres, e à proliferação de todo tipo de doenças que vitimizam as crianças mais que a qualquer outro grupo. 
A mídia esqueceu o assunto completamente. O psicólogo Pedrinho Guareschi dizia que “o que a televisão não exibe, é como se não existisse para a maioria das pessoas”. Até as igrejas, importantes na rede de solidariedade que ajudou a minimizar o sofrimento imediato dessa gente, parece que também esqueceram totalmente a tragédia. Mas o fato é que o estado atual dessas famílias talvez seja pior que há um ano atrás. Tenho a impressão de que a formação cultural do nosso povo, onde o Estado é visto como um tutor onipotente das necessidades básicas, faz com que o povo se entregue à apatia. E eu desconfio que o Estado, à moda de Pilatos, vai lavar as mãos diante dessas cruzes.
Não obstante, as festas juninas se aproximam. Tempo de alegria e celebração; de pular fogueira e dançar forró agarradinho; de comer milho assado e aquecer o coração. Só não podemos deixar que a euforia nos faça esquecer esses nossos irmãos flagelados. Sabe por quê? Porque é Jesus quem está naquelas barracas de lona (cf. Mateus 25,31-40)! É Jesus quem está pegando dengue, tomando água suja, comendo quentinha do Governo e passando calor e frio! Também vamos lavar as mãos diante dessas cruzes? 

2 comentários:

DANIEL SANTANA disse...

Pr: PAULA GRAÇA E PAZ, SOU DA IGREJA BATISTA EM MURICI E ESSA OBSERVAÇÃO FEITA PELO SENHOR E MUITO OPORTUNA PARA OCASIÃO POR ME LEMBRO BEM DO QUE QUE ACONTECEU TAMBÉM AQUI EM MURICI POR TAMBÉM NAQUELA OCASIÃO TER ABRIGADO EM MINHA CASA UM AFAMILIA QUE PERDEU TUDO NA ENCHENTE.
SE TROUXERMOS ÀS NOSSAS MENTES AS IMAGENS DAQUELES DIAS TALVES NOS ESQUEÇAMOS DA FOGUEIRA,MILHO...etc
TALVEZ AGENTE SE LEMBRE DA "CRUZ."

Anônimo disse...

Olá querido amigo,Graça e paz para todos sou Gilvan do Seminário Teológico Batista do Nordeste. Esta semana eu me peguei, pensando nas enchentes, e não me lembrei de nem um comentário ou reportagem do assunto. O olhar esta para a Copa do Mundo o mundo está de olho no Brasil e o Brasil de olhos fechados para o seu povo, mas tudo bem isso mostra que estamos em uma sociedade sega que não quer ver a necessidade do outro, outro que esta próxima.