segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

EU SOU UM SER SINCRÉTICO


Por Roberto Amorin
Pastor da Igreja Batista da Proclamação (Salvador-BA)
Nasci católico, fui batizado por pais católicos, embora minha avó materna tivesse lá os seus apegos às religiões de matriz africana - bastava o relâmpago clarear o céu e a palha benta e santa Bárbara eram invocados para protege-la (fato é que nenhum raio jamais a atingiu rsrsrs). Ainda na minha infância vi a minha mãe converter-se ao protestantismo, sua vida e apego à fé são fundamentais na pessoa que tenho me tornado. 
Tenho uma tia esotérica (que me ensinou que há dois tipos de pessoas vivendo no mundo: as que querem ter razão e as que querem ser felizes), fiz a primeira comunhão e desejava o sacerdócio (franciscano) - pela influência da religiosidade da minha familia, mas também dos sacerdotes que serviam na minha cidade. A influência dos meus avós paternos e os seus exemplos de vida me fizeram me apegar aos ensinos de Jesus. Minha tia paterna exerceu forte influência sobre a minha vida com sua alegria de viver.
Moro numa cidade acolhedora e sincrética, tenho amigos das mais diferentes correntes religiosas e até os sem nenhuma corrente ... 
Tentei "produzir" uma religião puro sangue, fracassei. Vez por outra me pegava negociando, fazendo acordos para continuar sendo quem sou ... minha religião sempre foi morena, mistura. Assim sendo fui aprendendo a unir coisas aparentemente diferentes em favor de algo maior. Fui aprendendo o que significa:"ouvistes o que foi dito aos antigos, eu porém vos digo ...". 
Hoje me dei conta que sou um ser sincrético, ou parafrasenado Cora Coralina: vive dentro de mim todas as crenças... 
Hoje me dei conta que apesar disso tenho uma fé convicta, definida (embora não definitiva), em processo, resultado do caminhar comunitário ao lado do meu Salvador, fruto da minha experiência com o sagrado.
No Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa AME, mesmo aquele "infiel" que pratica uma religião diferente da sua, se seu amor nao chegar a tanto, ao menos tolere ... continue crendo do seu jeito, segundo a sua caminhada e sua experiência com o sagrado, mas perceba que o outro tem o mesmo direito e este deve ser não apenas respeitado, mas defendido ...

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