sábado, 6 de dezembro de 2008

PARA QUE(M) SERVEM OS TEÓLOGOS?



Os formandos em Teologia desse ano no Seminário Teológico Batista de Alagoas (SETBAL) me pediram que escrevesse um texto para o boletim de seu culto de formatura. Fiz alegremente. Mas, de repente, me invadiu uma vontade de dizer a todos os formandos em Teologia desse ano, em qualquer lugar, o que disse textualmente aos formandos daqui.

Por isso, se você conhece algum formando em Teologia aí no seu lugar, transmita-lhe esse recado.

Fica minha gratidão.

***

Os formandos talvez quisessem me perguntar: “mas somente agora essa questão?” Sim, somente agora! Porque não se precisam de quatro anos de uma graduação para respondê-la. E mesmo agora, no apagar das luzes, é possível extrair a pertinência de sua provocação. Afinal, para que servem os teólogos hoje em dia?

Sei que minha questão é uma provocação, e quase uma afronta. Mas falando honesta e seriamente, no tempo da privatização absoluta da experiência religiosa e da impertinência pública da Teologia Acadêmica, para que servem os teólogos? No tempo marcado pela onipotência do mercado mundial globalizado enquanto regulador das necessidades essenciais dos seres humanos, para que servem os teólogos? No tempo da sacralização e da objetivação dos dogmas neoliberais – competitividade, inclusão excludente, celebração do individualismo, do poder –, para que servem os teólogos?

Digo sem rodeios: se optam pelo equívoco de virar as costas para o turbilhão de novidades desse
estranho mundo novo, os teólogos de fato têm quase nenhuma utilidade. Com seus discursos anacrônicos, suas questões irrelevantes e suas polêmicas desgastadas que não interessam a ninguém, servem somente ao status quo!

Mas minha palavra conclusiva é de esperança!

Posto que ao teólogo está dada a oportunidade singularíssima de fazer magia com a palavra e com a Palavra. A ele/ela é dada a oportunidade ímpar de reler este mundo novo, espiritual e criticamente, à luz do Evangelho de Jesus Cristo. A ele/ela cabe a responsabilidade de invadir esse mundo sem medo, penetrar suas entranhas, falar sua linguagem, deslindar seus segredos, e ajuizá-los conforme a vontade de Deus.

Pois se ainda resta alguma pertinência nesse ofício insistente, é esta: assumir a “santa ambigüidade” de amar/negar o mundo concomitantemente.
Amo o mundo na medida em que penetro em suas entranhas para compreender-lhe a partir de si mesmo. Nego-o na medida em que ao invadir suas entranhas, me deparo com criações e artificialidades anti-evangélicas, desumanizantes e pecadoras. O reconstruo em amor, a partir do Evangelho, que é paz, alegria e justiça no Espírito Santo! Eis a tarefa de vocês, novos teólogos alagoanos!

Parabéns à turma!!!

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